O projeto da Requalificação do Polidesportivo do Parque de Lazer das Taipas tem sido alvo de muita desinformação, pelo que decidi esclarecer os poucos vimaranenses que irão ler estas linhas, na esperança (ingénua?) de ser imitado por algum jornalista.

Foto de http://www.taipastermal.com
Com base num comunicado da Taipas Turitermas, a imprensa de Guimarães, ao estilo do jornalismo copy-paste cada vez mais praticado, não verificou a notícia e limitou-se a transcrever a desinformação, fazendo dela uma verdade irrefutável aos olhos dos vimaranenses. Como pode uma notícia não corresponder à verdade se foi publicada com o mesmo conteúdo em todos os órgãos de comunicação? Em Guimarães é fácil. Basta emitir um comunicado de imprensa.
O Povo de Guimarães escreve no artigo online Governo reconhece interesse público nas intervenções para o Parque de Lazer das Taipas, e na publicação impressa tem uma chamada de capa que diz “Projeto de requalificação do Parque de Lazer aprovado pelo Governo”.
O artigo online da Guimarães Digital alinha na desinformação com o titulo Governo aprovou projeto da Cooperativa Taipas Turitermas.
A Guimarães TV, com muitas fotos à mistura, intitula a noticia TAIPAS | Governo reconhece interesse público na requalificação do Parque de Lazer.
O Reflexo Digital também reflete a desinformação e escreve online Parque de Lazer das Taipas – Governo reconhece interesse público nas intervenções propostas pela Taipas Termal.
A DESINFORMAÇÃO – Comunicado da Taipas Turitermas
Este comunicado não visou prestar informação, mas sim fazer auto promoção.
“Projeto para a requalificação do Parque de Lazer da Vila das Taipas publicado em Diário da República com relevante interessante público para a freguesia de Caldelas e concelho de Guimarães.”
Não foi publicado nenhum projeto em Diário da República, mas sim um despacho do Secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento de Território a reconhecer o “relevante interesse público” de um projeto sito em Caldelas, Guimarães.
“O projeto de requalificação do polidesportivo e …, foi aprovado em Diário da República, por despacho do…”
O despacho não aprova o projeto. Apenas reconhece o seu “relevante interesse público”.
“Este despacho reconhece “que a localização do projeto se prende com o equipamento pré-existente e que não existe alternativa para a implantação de uma estrutura com estas caraterísticas, …”
O despacho não reconhece nada disso. Apenas faz referência que foi considerada a justificação da Câmara Municipal de Guimarães de “que a localização do projeto…
A INFORMAÇÃO – Despacho 9810/2013
Foi publicado em Diário da República o despacho que reconhece o “relevante interesse público” do projeto de requalificação do polidesportivo e instalações de apoio ao Parque de Campismo do Parque de Lazer da Vila das Taipas. Este reconhecimento, solicitado pela Câmara Municipal de Guimarães (CMG) por intermédio da CCDRN, decorre da imposição legal para a intervenção em 2.075 m2 de terrenos da Reserva Ecológica Nacional (REN) incluídos no projeto. O reconhecimento teve em consideração as justificações da CMG, e os pareceres favoráveis (ainda que com algumas condições) das entidades auscultadas. Ultrapassado que está este requisito legal, pode agora o projeto seguir o seu rumo.
O QUE INTERESSA SABER
A Câmara Municipal de Guimarães, através da Taipas Turitermas, tem um projeto para requalificar o Polidesportivo e Instalações de Apoio ao Parque de Campismo do Parque de Lazer da Vila das Taipas, cujas imagens 3D podem ser consultadas neste link.
Parte dessa intervenção será efetuada em terrenos da Reserva Ecológica Nacional.
Tendo em consideração o seu conceito,
e tendo em consideração que nessa área a REN coincide com a Zona Inundável,
não resta qualquer dúvida de que a classificação de REN da zona a intervir se ficou a dever à sua “exposição e suscetibilidade perante riscos naturais“.
Se vão edificar numa área com exposição e suscetibilidade perante riscos naturais (inundações), importa saber se os equipamentos estarão preparados para essa eventualidade (eu diria inevitabilidade), ou se vão repetir o erro do Laboratório da Paisagem.
José Cunha