TOURAL/ALAMEDA – A GRANDE DESILUSÃO

Como todos sabemos, Guimarães foi uma das cidades escolhidas para Capital Europeia da Cultura em 2012, e vai requalificar, com fundos comunitários, a Rua de Santo António, o Toural e a Alameda São Dâmaso (entre outros).

Nos documentos oficiais da apresentação do projecto pode-se ler:

“Os objectivos centrais deste projecto são: a valorização do carácter “emblemático” e identitário destes espaços; a requalificação do espaço público, valorizando a sua utilização por parte dos cidadãos em detrimento do automóvel; a participação na construção de uma solução ambientalmente mais atenta e qualificada; a criação de estacionamento automóvel subterrâneo.”

“Incrementar a cidadania e a prática comunitária no eixo urbano mais simbólico da cidade.”

“Prolongar a experiência de recuperação do espaço público verificada no denominado centro histórico da cidade.”

Imaginem que no Toural e Alameda só se circula de automóvel na continuação da rua Paio Galvão e até ao CC S. Francisco.

Imaginem o Toural, amplo, desafogado, com esplanadas, turistas, crianças a correr, sem o fosso da rua junto ao hotel com carros estacionados, outros em segunda fila e outros mais a circular.

Imaginem a Alameda com passeios até à zona dos jardins, onde crianças e idosos pudessem desfrutar sem receio de serem atropelados, onde feiras, espectáculos de rua e outras iniciativas tivessem um espaço digno.

Já Imaginaram? Pois desiludam-se, porque nada disso vai acontecer.

Guimarães, no “eixo urbano mais simbólico da cidade.”, não vai ser moderna, sustentável, virada para o cidadão. Aí, a ditadura do automóvel vai manter-se.

O Toural e a Alameda vão continuar a ser ilhas cercadas por um carrocel incessante de carros: à procura de estacionamento “dentro” da loja ou do banco pretendido; ou então no pavoneio saloio da última aquisição.

Vamos passar ao lado de uma oportunidade única para devolver  o coração da cidade aos seus donos: os vimaranenses.

A CMG tinha os objectivos certos, tinha o financiamento, tinha a justificação da CEC para fazer algo audaz e inovador. O que faltou? Não consigo entender, e daí, a

GRANDE DESILUSÃO.

Acabo com mais uma citação da CMG a propósito da CEC 2012:

“Guimarães encerra em si a oportunidade de se reinventar…”

José Cunha