Caminhar em Guimarães: Moreira de Cónegos

A manhã estava invernal, com chuva e céu nublado. Apesar das previsões apontarem para algumas abertas, poucos acreditaram na meteorologia ou tiveram a vontade necessária para enfrentar as adversidades. Foi portanto com um grupo pequeno que partimos para Moreira de Cónegos, para a primeira iniciativa deste ano do ciclo “Caminhar em Guimarães”. Esta atividade visa dar a conhecer aos vimaranenses o seu território e, ao mesmo tempo, realçar pontos de interesse ambiental, positivos ou negativos.

Moreira de Cónegos, apesar de ser uma freguesia fortemente urbanizada, tem vários elementos de interesse. Atravessada pela ribeira da Madalena e com o rio Vizela a servir-lhe de fronteira com os territórios vizinhos, tem logo aqui boas razões para irmos dar uma espreitadela. Além disso, as explorações agrícolas e os pequenos montes que se elevam em vários pontos fazem do todo uma paisagem colorida e multi-facetada, em que o caótico se combina forçosamente com o harmonioso.

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Depois de um curto briefing, subimos à capela de Santa Marta e penetrámos pelo monte nas traseiras do templo. Como acontece em muitos montes plantados no meio de zonas urbanizadas, as habitações estão de costas para o monte e dificilmente se consegue atravessar de um lado ao outro sem saltar vedações ou sem nos enredarmos nos silvados. Evitámos essas complicações e descemos ao arruamento logo abaixo da capela. Seguimos pelas ruelas de Moreira até bem perto da ribeira da Madalena, tomando um carreirinho interessante pela propriedade do Sr. Fernandes, que gentilmente nos cedeu passagem. A ribeira corria acastanhada, cor dita normal para um dia chuvoso. Na semana anterior era cinzenta. Um dos participantes da caminhada sugeria fazermos uma expedição desde a nascente da ribeira (perto da Lapinha, em Abação) e identificarmos onde a água começa a mudar de cor. Ideia interessante, a replicar por muitos outros cursos de água do concelho.

Continuámos pelas antigas vielas da freguesia e chegámos a Caneiro, junto ao rio Vizela, onde nos esperava o Sr. Vítor Ferreira para uma visita guiada à central hidrolétrica. Pudemos aprender como funciona todo o sistema de retenção de água e de encaminhamento desta para produção de energia pela turbina da central. Aprendemos também todo o processo de manutenção e monitorização que uma instalação deste tipo requer, assim como os cuidados a ter com a gestão do equipamento face a alterações de caudal, tanto no inverno como no verão. A natureza manda e o Homem tem de se adaptar constantemente.

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Depois da instrutiva visita, regressámos ao topo da rua e fomos ao longo da linha de comboio até fletirmos em direção à Barrenta, com plantações de frutos silvestres à nossa esquerda. Neste bairro bem antigo, serpenteámos pelas suas ruelas até à Quinta da Eira, que contornámos pelo monte sobranceiro. Neste novo contacto com a natureza, observámos o contraste de beleza e de vida entre as zonas mais altas, eucaliptizadas, e o sopé, com vegetação autóctone de sobreiros e carvalhos.

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Após um longo período sem chuva e com algum sol, as nuvens voltavam ameaçadoras. Apressámo-nos a chegar ao Parque de Lazer de Moreira de Cónegos, um belo acesso para o moínho situado sobre a ribeira da Madalena, recuperado por um grupo de voluntários daquela freguesia, com o apoio do projeto MAPa2012. Fomos então recebidos pelo concessionário da tasca “O Moínho”, que nos levou a conhecer as velhas mós e o forno onde ainda se coze o pão. Apesar das mós não estarem em funcionamento por dificuldades de engenharia, prevê-se que sejam repostas em operação ainda este ano. O espaço do moínho e a zona envolvente merecem sem dúvida uma demorada visita e convidam a vir com a família, pois há motivos de interesse para miúdos e gráudos. Depois de deixarmos o moínho e como já se fazia tarde para ir almoçar, atalhámos caminho até ao ponto de partida.

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Ficou a faltar na foto de grupo o Luís Gonçalves que estava por trás da objetiva!

Deixamos aqui publicamente um agradecimento à Sociedade Hidroelétrica Moreirense e ao concessionário do estabelecimento de restauração “O Moínho”, pela gentileza em nos terem recebido. Pode-se consultar o registo fotográfico completo da caminhada aqui e o percurso realizado aqui.

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