Foi com muita expetativa que participei no 1º fórum do projeto COUROS CAMPURBIS – Envolvimento da população local, a que chamaram Couros – passado, presente e futuro.
Sabendo de antemão que este fórum não mudaria nada em relação ao que eu considero ser um atentado urbanístico em curso na zona de Couros, tinha a esperança que alguém me pudesse explicar as opções tomadas. (chamem-me crente)
O projeto: COUROS CAMPURBIS – Envolvimento da população local
Anunciado como sendo de envolvimento da população, num apelo à participação na decisão, eu pergunto: o que há para decidir?
Diz o slogan, “vamos juntos dar vida a Couros”, mas depois formam o conselho de comunidade onde só os moradores de Couros são convidados a participar, como se a revitalização da zona pudesse ou devesse ser feita apenas pelos locais.
Por não conhecer o suficiente, e por estar na fase inicial, vou dar o beneficio da dúvida aos promotores deste projeto, e esperar que as próximas atividades sejam mais esclarecedoras e produtivas.
O fórum – Couros – passado, presente e futuro
Com intervenções marcadamente politicas, foi praticamente uma campanha de promoção da obra feita/em curso.
De salientar pela positiva, a intervenção da Dra. Elisabete Pinto que surpreendeu com um pequeno documentário sobre as gentes de Couros.
A intervenção sobre o que é o projeto foi curta, vaga e sem direito a colocar dúvidas
Um fórum dum projeto que apela ao envolvimento e participação da população, mas onde apenas 3 cidadãos tiveram direito à palavra revela bem o quanto se valoriza essa participação.
Fui para lá à procura de respostas, vim frustrado e ainda com mais perguntas.
A razão inicial da minha participação neste fórum foi tentar entender o que se está a passar no terreno ao lado da Fraterna, e que eu considero um atentado urbanístico.
O diagnóstico da Ribeira e zona de Couros está feito desde há muito pela CMG e pela UM, que dizem:
Revitalização e Valorização da Ribeira da Costa / Couros – CMG
OBJETIVOS
Desenvolver uma gestão ambientalmente responsável da linha de água, promovendo e gerindo a permeabilidade do solo e do subsolo;
Preservação de espaços verdes, que se encontram enquadrados na cidade, favorecendo a sustentabilidade e a biodiversidade do sistema natural;
Criação de corredores ecológicos fluviais que assegurem a descontinuidade urbanística;
Fomentar a utilização pública destas áreas naturais, criando lugares de interface entre as vivências sociais e os espaços ribeirinhos;
Situação de referencia – Zona de Couros
“Galeria ripícola inexistente – a impermeabilização das margens potencia cheias urbanas;
Carência de espaços permeáveis – os espaços impermeabilizados impedem a infiltração de água contribuindo para as cheias urbanas”
Reabilitação de Meios Hídricos em Ambiente Urbano. O caso da Ribeira de Costa/Couros, em Guimarães
“A redescoberta da rede hidrográfica como elemento indispensável e imprescindível à qualidade de vida das populações urbanas torna necessário a criação de programas de reabilitação e requalificação de modo a mitigar os erros acumulados em muitas décadas onde a gestão dos meios hídricos nem sempre teve a relevância actualmente reconhecida.”
E eu digo: “Please make your actions reflect your words.” Severn Suzuki Eco-92
Há municípios que estão dispostos a pagar para ter o que nós tínhamos: o programa “Porto, Cidade Sensível à Água”, considera fundamental despoluir, desentubar e reabilitar as linhas de água. Nós estamos a pagar para as entubar.
Neste terreno, corria em estado natural 100 mts dum afluente da Ribeira de Couros, que está a ser transformado num arruamento com acesso à Av. Afonso Henriques e num parque estacionamento com 80 lugares.
Para além dos danos ambientais: entubamento da linha de água, impermeabilização, perda biodiversidade, existe ainda a perda da oportunidade de tornar essa zona atrativa aos peões e utilizadores de bicicletas por oposição ao uso do automóvel.
Ouvi falar neste fórum de estratégia global da CMG: eu gostava de saber se entubar linhas de água e criar facilidades de acesso e estacionamento automóvel no centro da cidade faz parte dessa estratégia?
Ouvi também a falar de convivialidade: o que foi feito em termos urbanísticos para a promover? Estradas e parques de estacionamento?
Será que o acesso automóvel através da Av. Afonso Henriques é imprescindível para o CampUrbis?
Não se corre o risco da zona se tornar demasiado frequentada por automoveis e pouco apelativa aos peões?
Seria compatível o acesso viário e a manutenção da linha de água a descoberto?
Aqui estão algumas questões que vão ficar sem resposta. Extemporânias, por não se ter promovido a discussão em devido tempo, no entanto ajudavam a entender as opções.
José Cunha
É assim que se fala: sem papas na língua.
Também eu gostava de ter resposta a essas perguntas…
Um abraço,
Manuel Fernandes