Arquitectura Sensivel

Arquitectura Sensível
por Carlos Fonseca, José Alexandre Cotta e Sónia Moura

Arquitectura Sensível é um conceito que defende a Sustentabilidade e o relacionamento vital entre pessoas e ambiente. Partindo de um princípio simples, mas fundamental, de que a Terra é um ser vivo, tudo se baseia no interrelacionamento de seres sensíveis que deveriam coexistir harmoniosamente num espaço e tempo comuns; portanto sustentando uma visão integrada em que as partes que constituem um todo, que é orgânico, podem ser analisadas em separado para uma mais fácil compreensão. A relatividade de cada um destes elementos é enorme quando a comparamos, por exemplo, com a extensão de um sistema solar, ou com a idade do planeta que habitamos.
Somos pequenos mas tal não nos retira responsabilidade. Antes pelo contrário. Em que medida somos então responsáveis? Na nossa opinião, em tudo o que tivermos consciência!
Actualmente verificam-se duas abordagens sobre a Sustentabilidade: a visão ecológica, baseada no medo, e a visão baseada no respeito. A primeira diz-nos que não devemos poluir a atmosfera para que no futuro, tenhamos oxigénio suficiente para viver. A segunda diz-nos que não podemos poluir porque respeitamos a Terra. Quando membros de uma tribo índia norte-americana, – que certamente nunca ouviram falar de ecologia-, colocam nos seus cavalos, durante a Primavera, uma espécie de pantufas para que os cascos não magoem a mãe terra que nessa época está grávida, mostram uma sensibilidade que nós definitivamente não temos. O mesmo se passa, por exemplo, quando abrimos auto-estradas, túneis ou parques subterrâneos para estacionamento de automóveis; corremos o risco de cortar linhas energéticas vitais, que podem ser comparadas a importantes veias e artérias do nosso corpo. As suas consequências podem implicar a desvitalização dos locais ou perturbações de âmbito mais alargado.
Ao construirmos uma fábrica, um prédio ou uma casa devemos fazê-lo nos melhores lugares sob o ponto de vista dos factores telúricos presentes (falhas geológicas e veios de água subterrânea), das redes geomagnéticas (universal e diagonal) ou da sempre presente poluição electromagnética. O mesmo acontece ao construirmos um Hospital, uma Escola ou uma Prisão; se não escolhermos os bons lugares e não tivermos em conta estes factores, podemos estar a condenar os seus utilizadores a condições muito difíceis, das quais dificilmente conseguirão escapar. Acontece o mesmo no caso de estábulos para animais. Todo alimento ou bebida que esteja armazenada em local perturbado vai deteriorar-se rapidamente. Da mesma forma, os locais de colheita e análise laboratorial deveriam ser cuidadosamente escolhidos.
Ao asfaltarmos uma estrada ou um simples passeio público estamos a impedir que as águas das chuvas se infiltrem e alimentem os veios existentes no local, secando-os. As consequências nocivas nem sempre são imediatas, mas certamente inevitáveis. Sempre que utilizamos tintas ou vernizes que criam cargas electrostáticas, impedimos a respiração de paredes e soalhos e sobrecarregamos o sistema nervoso dos seres vivos que aí vivam. Quando instalamos centenas de antenas de telemóvel à beira das estradas, nos montes ou por cima de prédios habitados, deveríamos ter em conta as implicações dos efeitos dos campos magnéticos de alta-frequência na estrutura celular humana. Quando permitimos a construção de edifícios perto de linhas de alta tensão ou a colocação destas a distâncias próximas das nossas casas, contribuímos inconscientemente para a manifestação de graves problemas de saúde. Sempre que possível, deveríamos utilizar os materiais locais de construção, não só para ajudar a economia da região, mas sobretudo porque há uma boa compatibilidade vibratória entre os seres vivos e os materiais da mesma zona geográfica. Porém, é necessário cuidado com a radioactividade natural libertada pelo granito – radão. A construção de uma barragem sobre uma falha geológica de grande dimensão, pode ter consequências nocivas. Por este motivo, as grandes barragens construídas em Portugal nos anos 40 e 50 do século XX tiveram a colaboração, quanto à sua ideal localização, do radiestesista padre Abel Guerra.
O conceito de habitação saudável não integra apenas pessoas, mas também o meio envolvente. A implantação de um edifício num terreno implica um estudo profundo das características de ambos. A tradição ocidental considera quatro elementos e a oriental, cinco. Considerando uma ou outra, é através da forma que conseguimos a adaptação dos vários elementos. Sendo a forma a essência da arquitectura devemos usá-la com sabedoria. Há formas bióticas e formas doentias; há formas vitalizantes e formas deprimentes; não por conceitos individuais de interpretação mas sim verificáveis globalmente. A utilização de uma determinada geometria, aliada ao conhecimento da polarização dos materiais e o uso da ressonância das cores, pode fazer toda a diferença.
Arquitectura Sensível defende uma visão da Sustentabilidade que integra tradição e evolução. Isso implica, por exemplo, a preservação de técnicas de construção tradicionais e sua divulgação. É positivo quando vemos responsáveis políticos e de grandes empresas defenderem a Sustentabilidade. Pensamos, no entanto, que podemos ir mais além e sermos inovadores. Portugal tem pessoas e engenho para desenvolver a Sustentabilidade integrada. Tal passará por uma atitude de colaboração entre pessoas e organizações, princípio que consideramos prioritário. Será necessário substituir conceitos de competitividade e agressividade, pelos de colaboração e criatividade. Ninguém certamente acredita que uma empresa possa ser sustentável a prazo se a vizinha ou concorrente também não o for. Tudo está interligado. Num mundo caracterizado pela comunicação, notamos que há enormes bloqueios e lacunas a esse nível. Ao tentarmos criar canais de ligação, estamos a assumir a responsabilidade da partilha. Essa é a nossa escolha. Consciente.

C R E S C E R

 
 
Os abaixo considerandos vêm a propósito da recente e profícua emanação na comunicação social local de artigos e noticias relativas ao crescimento da cidade e ao ímpeto decorativo de entradas e saídas que impõe o desígnio capital europeia da cultura.
Artigos de opinião, notícias de ambiciosos planos têm dado especial enfoque à veiga de Creixomil, como a “natural” porta de entrada de uma cidade que se quer média e de afirmação regional.
Neste aparente unanimismo na escolha de um dos territórios para quem chega à cidade, percebe-se alguma diversidade (uf…) mas apenas na multiplicidade construtiva, expressa em ousados e pós-modernos edifícios, lagos e, a prazo, outros equipamentos e funcionalidades.
Na continuada afirmação da cidade média, a prazo uma capital europeia da cultura, os gestores do território, veiculam a imperiosa necessidade de crescimento em gente e em equipamentos de fruição social e cultural. O (muito em voga) levantar do chão de obra(s) arquitectonicamente arrojada(s) e desmesuradamente cara(s), ou aquilo que alguns designam de equipamento ancora para o evento 2012, parece reunir consenso.
Quanto à capitalidade desejada, parece-me oportuno ponderarmos que cidade queremos ser, sob o risco de, se não for feito “o trabalho de casa”, descapitalizarmos os recursos e escala que ainda possuímos.
Senão vejamos. Numa Europa e Portugal em retracção demográfica e económica, a cidade de Guimarães acordou milagrosamente tarde para o descontrolado e descaracterizado crescimento urbano do último quartel do século XX português, assumindo-se (talvez involuntariamente) nalguns pontos uma lufada de ar fresco numa região bafienta e desordenada que merecidamente poderia ser apelidada de uma das mais desfiguradas e predatória de recursos naturais do país.
Quanto ao desígnio de crescimento, urbanizar a veiga de Creixomil poderia ser um importante e decisivo passo para o caos, decalcando o modelo de urbanismo da nossa vizinha Braga e do seu inestimável e pós moderno crescimento.
Nem de propósito a alguns dias calhou-me em mãos um artigo de jornal sobre Cork, cidade irlandesa que foi capital europeia da cultura em 2005. No artigo percebíamos uma pequena cidade cujo desígnio e afirmação estratégica se centrava quer no património histórico e cultural quer nas paisagens naturais, jardins e parques da cidade e região envolvente.
Outros exemplos? Olhemos para Weimar, cidade alemã de pequena dimensão (60000 habitantes??…), uma referência central na construção e afirmação cultural e politica alemã e porque não europeia, berço de escritores, compositores, pensadores, artistas, com uma vitalidade secular.
Numa era em que a multiplicidade frívola de estímulos e ambição de crescimento é inversamente proporcional à construção de um mundo enfadonho e desigual, podemos afirmar que no desígnio da capitalidade “size doesn’t matter”.
No que concerne à Veiga de Creixomil, tal como a de Balazar e de S. Torcato, são o que resta de um passado de quintas, campos de cultivo e pequenas hortas, onde muitos homens e mulheres cresceram servindo os rendeiros a troco da alimentação e guarida.
Quintas onde o trabalho à jorna (pelos criados, como antes lhe chamavam) assegurava o ganha-pão de muitos homens e mulheres, num tempo em que a industria têxtil e de fiação emergiam timidamente.
Nesse tempo (finais do sec.XIX e primeiras décadas do sec.XX) em que à cidade de comerciantes e artificies acorriam os lavradores da veiga, onde a troco da “lavadura” (leia-se restos de comida) para a alimentação dos animais e do esterco das latrinas da cidade para adubar os campos, se deixavam molhos de lenha para padarias e residências. Nesse tempo em que as lavradeiras corriam as ruas a vender leite a quartilho.
Mais do que um exercício nostálgico de um tempo que já lá vai, o relato serve para situar um território como a veiga, cuja terra e ribeiros fazem dele um espaço de inegável vocação agrícola, apropriado durante décadas por gerações de agricultores que da terra tiravam sustento e renda.
Quando ouvimos que a cidade merece uma entrada condigna com as aspirações e pergaminhos da urbe e com isto afirmamos a veiga de Creixomil como prioridade de intervenção, devemos ter cautelas no decalque de modelos de crescimento estéreis e insustentáveis. Senão vejamos:
A ideia de uma nova centralidade fundada em edifícios ou equipamentos âncora, cujas sinergias desencadeariam dinâmica, crescimento económico e dinâmica social, pode à semelhança de recentes exemplos nacionais, veicular uma ideia de urbanismo segregador, cujos territórios e preços altamente especulados são apropriados por uns (minoria) excluindo outros (a maioria).
Este mesmo urbanismo, assenta na maior parte das vezes em edifícios e equipamentos de autor (perdoem-me a expressão) cujos custos e usos públicos nem sempre são ponderados e planeados.
Assim neste desígnio não desprezível da capitalidade cultural, sugiro que a âncora seja o planeamento e afirmação definitiva de uma cidade sustentável, onde haja espaço para as veigas onde agricultores, sejam eles de fim-de-semana ou a tempo inteiro, produzam e abasteçam de frescos as casas e os mercados das cidades. Uma capitalidade que afirme em definitivo a montanha da Penha como centralidade paisagística e simbólica da cidade que queremos ser. Uma cidade onde a circulação de pessoas (não de carros), informação e conhecimento seja uma afirmação de diversidade e cultura.
Neste tempo de difusão massiva, normalizadora e hegemónica de formas de organização económica e social e de modos de vida, sugiro um tema para a capitalidade: o “id”, aqui entendido enquanto dinâmica de construção identitária que distingue cada individuo na sua idiossincrasia e circunstância. Neste mundo monolítico, o apelo à diversidade seja ela de paisagem, de culturas ou de modos de vida, é o caminho da resistência.
A afirmação de Guimarães capital cultural poderia passar por aí. Aceitemos o desafio de refundarmos um mundo novo. Descentremos a âncora para a paisagem, para a sustentabilidade assente na aceitação da diversidade de modos de vida e de formas de organização social e económica.

A M C

Manifesto Pro-Desenvolvimento Sustentavel

MANIFESTO -Guimarães – Sec.XXI: Rumo à Sustentabilidade:

Ameaças:
A crescente polarização de Guimarães pelas fortes centralidades vizinhas, como Braga e Porto, remetendo a cidade para funções menos qualificadas económica e socialmente.
A representação social amplamente difundida que associa Guimarães com baixos níveis de qualificação, frágeis elites cientificas e culturais e diminutos indicadores de urbanidade qualificada.
A tentação de implementação de estratégias de competitividade organizacional assentes no “dumping social”, cujo principal factor concorrencial é o baixo salário e não a inovação e qualidade.
Oportunidades:
O esgotamento de um modelo de desenvolvimento e as sinergias associadas aos diferentes planos sectoriais de combate à crise económica e social (emprego, industria, trabalho infantil…).
Um processo de urbanização tardio, em contra-ciclo com o “boom” de crescimento urbano de cidades vizinhas, o que permite um repensar de estratégias de desenvolvimento urbano e rural sustentáveis.
Pontos Fracos:
O baixo nível de escolaridade e qualificação profissional das populações.
A mono-indústria assente em formas de organização do trabalho pouco competitivas e motivadoras.
Recursos naturais fortemente degradados por um modelo industrial e de expansão urbana, predatórios de paisagem, águas e terrenos agro-florestais.
O desvalor da escola enquanto principal factor de mobilidade e enriquecimento pessoal, simbolicamente partilhada por largas franjas da população.
O povoamento disperso e desordenado.
Frágil rede de transportes públicos eficazes e não poluentes.
Pontos Fortes
A vitalidade demográfica.
A classificação Guimarães Património Mundial.
As acessibilidades rodoviárias e localização geográfica.
A centralidade simbólica de Guimarães.
O “know-how” nos sectores têxteis, confecção e cutelarias.
A Universidade do Minho.
Objectivo Estratégico:
Ancorar o modelo de desenvolvimento de Guimarães em factores como a inovação industrial e tecnológica, assim como na excelência ambiental aliada ao património histórico-cultural, afirmando assim o concelho como uma nova centralidade ambiental e socialmente sustentáveis.
De que modo?
Alguns pontos de viragem:
– Combate sem tréguas ao abandono escolar.
– Concretização no terreno do Parque de Ciência e Tecnologia, envolvendo escolas e universidades, promovendo o emprego e uma intensa rede de estágios profissionais e cursos de (re)qualificação profissional para jovens e menos jovens.
– O planeamento e concretização de uma cidade e concelho à escala humana, evitando a tentação de esvaziamento do município rural e excessiva densificação da cidade com os respectivos custos ambientais e sociais associados.
– Criação de uma cintura ecológica, sob a forma de quatro corredores verdes temáticos, a saber:
· Montanha da Penha – Cerca Conventual – Parque da Cidade – Ciclovia Guimarães-Fafe (vocação montanha); equipamentos: centro de interpretação e educação ambiental;
· Vale de S.Torcato (vocação agro-florestal); equipamentos: unidade de produção e investigação agrícola, orientada para as práticas agrícolas sustentáveis; Produção de frescos horto-fruticolas.
· Veiga de Creixomil (zona húmida e agrícola); equipamentos: Parcelamento de hortas sociais, para sessões de educação ambiental e ensino de práticas agrícolas a cidadãos jovens e adultos; Produção de frescos horticolas.
· Sector médio do vale do rio Ave (biótopo ribeirinho), requalificando paisagisticamente e ambientalmente o rio, o leito de cheia e vertentes, equipamentos: Eco-Museu do rio Ave.
– Promoção de uma gestão sustentável dos espaços florestais municipais e uma articulação equilibrada entre espaços agro-florestais e urbanos, através da definição de um Plano Municipal de Ordenamento Florestal.
– Criação de uma rede ciclável na cidade e no perímetro urbano;
– Tornar o centro histórico de Guimarães, um zona exclusivamente pedonal e/ou ciclável.
– Adesão de Guimarães aos princípios inerentes à Agenda 21 local, de cidades e vilas sustentáveis. Rede Civitas (Carta de Aalborg – das cidades europeias para a sustentabilidade).
– Concretização de uma campanha sensibilizadora das populações, escolas, empresas, para práticas cívicas e ambientalmente responsáveis, associando-a a uma imagem nova de Guimarães, “eco-cidade”, de cultura e responsabilidade cívica.
– Incentivar a criação de uma rede de transportes públicos não poluentes (biodiesel/gás/célula hidrogénio) que ligue a cidade aos diferentes núcleos do concelho.
– Elaboração amplamente participada pelos diferentes actores locais de um Plano Estratégico e de Desenvolvimento Sustentável para o Município.

FRAGMENTAÇÃO DO H A B I T A T

CORREDORES ECOLÓGICOS PODEM AJUDAR A TRAVAR PERDA DE BIODIVERSIDADE
A ideia de criar caminhos para animais e plantas, isolados no meio de redes de estradas, de cidades e de outras formas de betão, deixou de ser uma mera intuição dos conservacionistas para travar a perda da biodiversidade. Um estudo norte-americano publicado este mês na revista “Science” constatou que os habitats ligados entre si por corredores ecológicos têm mais 20 por cento de espécies de plantas do que aqueles que estão isolados.
A bióloga norte-americana Ellen Damschen e mais quatro colegas da universidade do estado da Carolina do Norte estudaram, entre os anos de 2000 e 2005, o funcionamento destes corredores. Apesar de já se falar deles desde os anos 60 e 70, eram poucas as provas científicas de que conseguiam ser eficazes na protecção das espécies da maior ameaça à sua sobrevivência: a fragmentação do habitat.
Em declarações ao PUBLICO.PT, Ellen Damschen explica que esta investigação é diferente porque foi realizada a larga escala, com uma comunidade de 300 espécies de plantas e replicada em vários tipos de ligação entre habitats. Até ao momento, “a maioria das investigações estudou uma espécie de cada vez (…).
Os estudos com várias espécies têm escalas pequenas, na ordem dos dez centímetros, ou então não foram replicados, algo que é vital para uma experiência científica controlada”, disse.
Com a ajuda do Serviço Florestal norte-americano, os cinco cientistas criaram oito talhões numa zona de pinheiros protegida pelo Governo federal, no rio Savannah, perto de Aiken, na Carolina do Sul. Cada talhão, com 50 hectares, tinha cinco zonas distintas. Apenas duas delas estavam ligadas entre si por um corredor com 150 metros de comprimento e 25 de largura.
“Esta paisagem experimental ajudou-nos a compreender exactamente como funcionam os corredores ecológicos”, explicou ainda Ellen Damschen. “Contámos o número de espécies de plantas e a sua abundância durante cinco anos. No final do estudo, os habitats ligados por um corredor tinham mais 20 por cento das espécies do que aqueles que estavam isolados”, acrescentou.
Outra conclusão é que as espécies nativas “respondem de forma mais acentuada, enquanto as espécies invasoras não são afectadas”. A bióloga adianta que isso talvez se deva ao facto das invasoras já se encontrarem em quase todo o lado e de não precisarem de corredores para se movimentar.
CIENTISTAS SURPREENDIDOS COM RAPIDEZ DE RESPOSTA DAS PLANTAS
Os investigadores constataram que os corredores ajudaram à dispersão de sementes e à polinização. Os habitats ligados por corredores têm mais variedade de aves, roedores e insectos, ou seja, animais que dispersam as sementes e agem como polinizadores. “Pensávamos que as plantas eram um grupo de espécies bastante sedentário, enraizado num local (…). Não sabíamos até que ponto iríamos ver resultados num espaço de cinco anos. Mas o que presenciámos foi uma mudança drástica”, comentou Ellen Damschen. “As plantas podem sofrer alterações muito rapidamente através das suas interacções com a paisagem e os animais que nela vivem”, acrescentou.
Como resultado, os investigadores defendem os corredores ecológicos como uma forma eficaz de promover a biodiversidade porque possibilitam às espécies o acesso a mais recursos e, por isso, aumentam as suas hipóteses de sobrevivência – por exemplo, passando de um local com pouca água ou alimentos para outro com maior abundância. Além disso, estes caminhos permitem às espécies escapar a ameaças como os efeitos do aumento da temperatura. “Os corredores podem ajudar a proteger as plantas e os animais dos efeitos negativos das alterações climáticas porque permite-lhes deslocarem-se mais facilmente”, disse a bióloga ao PUBLICO.PT.
Actualmente já existem no terreno vários corredores ecológicos, desde os que ligam os dois lados de uma auto-estrada aos que ligam reservas naturais em vários países. Algumas das organizações não-governamentais que utiliza esta ferramenta de conservação estão a Nature Conservancy (no Chile), a Conservation
International (Amazónia) e a World Wildlife Fund (Índia).
in
28.09.2006 – 16h48 Helena Geraldes PUBLICO.PT
Participaram nesta investigação a Universidade do Estado de Iowa, a
Universidade de Washington (Seattle) e a Universidade da Florida
(Gainesville)..